Oi, oi!
E aí, como foi a sua semana passada? Não é uma pergunta retórica, não. Se quiser falar sobre qualquer coisa, só aparecer aí pela newsletter ou pelas minhas redes sociais!*
*sou tímido e muitas vezes demoro a responder ou simplesmente esqueço, peço desculpas de antemão
Minha semana passada foi uma montanha-russa, embora não tenha muito o que contar sobre. Foi mais sobre o que senti. E eu senti muita coisa.
Já faz tempo que eu lido com a depressão, desde a transição da infância para a adolescência. Uma época maravilhosa para perder contato com outras pessoas e se isolar cada vez mais, né? 😒
Enfim, resumindo, já estou na minha terceira grande intervenção medicamentosa, chegando a quase dois anos que tomo desvenlafaxina. Foi o melhor remédio para mim até hoje, que me faz sentir muito bem mesmo.
Uhu, palmas pra mim!
…
…
Aí eu decidi parar.
Uma coisa que meu primeiro médico me disse lááá atrás foi que o remédio está aí para ser tomado. Se ele faz bem e não existem efeitos colaterais importantes, tome o quanto e até quando precisar.
Mas, se eu fosse bom de seguir raciocínios lógicos, eu não precisava de remédio pra começo de história.
O maior problema é que eu ainda nutro, no alto da minha vindoura meia-idade, um cenário em que eu consigo ser funcional e seguro de mim mesmo sem remédio. Quando surgem momentos em que eu penso “poxa estou muito bem com isso que tá acontecendo“, logo em seguida imagino se também não conseguiria sentir o mesmo sem tomar antidepressivo.
É uma questão impossível de responder e prometo que não tô querendo te usar de plataforma para autoanálise.
Estou falando disso só porque, depois de uma diminuída gradual na dose da desvenlafaxina, eu tentei pular o último degrau e ir direto para o desmame. E não é impressionante como somos só um punhado de hormônios e transmissores interagindo dentro do cérebro?
Dois dias depois, eu não conseguia mexer os olhos bruscamente sem fazer o mundo inteiro girar. Náusea o dia inteiro. Vontade de chorar. E aquela sensação que não sentia há algum tempo: a cabeça a mil por hora na hora de dormir.
É muito estressante sentir isso pela simples retirada de um remédio e depois ouvir gente falando que é falta de vontade, que é pensamento negativo, que é só tentar mais. Pode parecer exagerada a comparação, mas ninguém diz para quem perde o braço que é só parar de reclamar que ele cresce de novo.
Exagerada até certo ponto. Afinal, o que estamos descobrindo nas últimas décadas é que as disfunções do cérebro são tão físicas (no caso, químicas) quanto qualquer machucado ou disfunção biológica. Embora muita gente ainda insista em discursos de humores do Século XIX.
Se algo está errado com o estômago, tomamos remédio para o estômago. Com o cérebro, é a mesma coisa. E começar a estudar é acelerar as descobertas sobre o que faz de pessoas como eu tão desalinhadas com a média que se denomina normalidade. Tomara que ainda veja isso em vida.
No fim das contas, vou reduzir a desvenlafaxina mais devagar, mas ainda com o objetivo de parar. Se não der, não deu. O remédio tá aí pra isso. E não vou sentir vergonha disso.
[Música]
Olha que coincidência: na minha newsletter sobre cinismo, duas semanas atrás, eu indiquei uma música da TOMOO que gosto muito. E não é que ela acabou de lançar um álbum novo? O Dear Mysteries é o segundo da carreira dela e tá tão bom quanto o primeiro.
Deixo com você o clipe de 餃子, uma música sobre gyoza. Sim. Deu fome.
[Finalmentes]
Hoje, a newsletter não foi muito recheada, mas não desista de mim!
Muito obrigado por acompanhar a newsletter e, se quiser, siga e me acompanhe nas redes, além de dar uma chance pros meus livros!
Até a próxima!
Guilherme L. A. Pimenta

